quarta-feira, 18 de junho de 2008

Dois a menos, duas a mais

Passei mais um tempão sem atualizar esse blog. Eu tenho outro, de coisas mais atuais, do que está acontecendo hoje na minha vida e ao meu redor. Mas esse tem um gosto especial e não posso abandoná-lo! Nesse tempão, desde o último post, muita coisa aconteceu. Estive no Brasil, onde cresci, e relembrei muitos causos da minha infância.

Mas o propósito principal da viagem foi o de ir a dois casamentos, de dois amigos meus de infância que hoje são cidadãos do mundo como eu. Um deles, o Marcello, que aparece na foto na ponta da direita, casou na Argentina com uma argentina. O outro, o Cesar, que está na ponta da esquerda, se casou em São Paulo, com uma brasileira, mas hoje eles vivem em Miami. Globalização é isso aí.

Vale dizer que o outro sujeito na foto, o Daniel, também se casou, também com uma argentina. Mas o casamento foi aqui em Israel justamente quando eu estava no Brasil, por isso não pude ir. Mazal tov para todos eles. Aquele magro na foto com blusa escura e olhando para o lado - eu - é o único remacescente solteiro, portanto.

Aliás, boas lembranças me trazem essa foto. Eu tinha pouco mais de 18 anos, meu carro (o Corsa, no lado esquerdo da foto) era novinho em folha e estávamos nós quatro e mais alguns amigos em Campos do Jordão, na casa que meus tios tinham na época (essa na foto).

Fiquei muito emocionado nos casamentos em São Paulo e em Buenos Aires. Tem toda aquela história de que quem se casa se enforca, menos um blá, blá, blá. Mas "casar" amigos com quem se passou boa parte da infância e vê-los felizes, realizados, com pessoas que eles amam, vale a "perda", ainda que não seja uma perda.

Em vez de menos dois, mais duas!

E qualquer dia, quando eu estiver menos corrido, conto dos causos que passamos nesta e em muitas outras viagens para Campos do Jordão, para o Guarujá e para outros tantos lugares...!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

A-ta-ri

Caramba, passou muito tempo desde que eu criei esse blog e despejei aqui um monte de coisas da minha tão distante infância...! A falta de tempo e a correria, misturados com a minha mudança pra Tel Aviv me deixaram longe dessa brincadeira gostosa. Mas alguns comentários de uma pessoa que eu nem conheço (obrigado, Luis Felipe!) me deram vontade de retomar!

E quero recomeçar tocando justamente em um assunto no qual o Luis Felipe falou - Atari! Ele contou de uma foto dele jogando Atari e me lembrei da cena - meu quarto, a televisão bicromática, eu sentado no chão enfiando aqueles cartuchos desajeitados no brinquedo e torcendo o joystick no meu jogo favorito, aquele de fazer a galinha cruzar a rua. Simples e divertido!

Tinha outro, também, que eu adorava - o do ladrão que fugia da polícia dentro de um shopping com escadas e elevadores. Caramba, como eu me divertia na frente daquela tv esverdeada...! Hoje, vendo essa criançada com playstations da vida, tenho certeza de uma coisa: eles não sabem de nada! Divertido mesmo era ter que usar a imaginação e ver naquele desenho pixelado uma galinha, carros, ladrões, policiais...

Saudade do Atari.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Senhores formandos judeus

Quando eu finalmente me formei na universidade, em 2004, pude participar do que se chama "formatura judaica", uma comemoração na CIP, onde eu cresci, de todos os formandos universitários judeus do ano. É uma cerimônia apenas para reconhecer os novos calouros judeus jogados no mercado de trabalho a cada ano - e não são poucos, em diferentes áreas.

Como eu não participei da minha formatura da faculdade (não teria sentido, porque nem conhecia o pessoal daquele oitavo semestre, já que só algumas matérias fazíamos juntos; e não teria tempo, porque vim para Israel quatro dias depois de apresentar o meu trabalho de conclusão, que me deu uma nota 9,5 e o título de jornalista profissional) a opção da "formatura judaica" foi a única!

Além da cerimônia na sinagoga da CIP, em que todos os formandos do ano são chamados à Torá de acordo com a área de formação, rola uma festa na Hebraica. Todo ano, a mesma coisa!

No centro da foto, diante da Torá, eu, de costas, na cerimônia religiosa da formatura.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Minha "flor"

Tem um projeto aqui em Israel muito legal. Se chama "Perach", que em hebraico significa "flor". Em poucas palavras, universitários "cuidam" de crianças com algum problema de aprendizado ou relacionamento. Os jovens que fazem isso aqui ganham uma ajuda de custo para os estudos.

Acontece que uma equipe muito séria e comprometida levou o projeto para o Brasil e o adotou em escolas judaicas de Sampa em esquema de voluntariado. E eu fui um desses jovens e tinha um "perach" para "cuidar". Ele se chama Natan, tinha na época 11 anos. E eu fui um feliz voluntário que o acompanhou durante um ano todo.

Fizemos todo tipo de coisa juntos - como estudar, conversar sobre vários assuntos ou disputar partidas de jogos de luta em uma lan house que serviam para me mostrar como sou ruim naquilo!!

No fim do ano, a recompensa pelo tempo dedicado a ele: ouvir dos professores que ele melhorou muito, graças às horas que passamos juntos! Tem uma coisa no trabalho voluntário que nenhum dinheiro paga! O carinho do Natan (como na foto, que tiramos em um dos nossos passeios!) e a certeza de ter ajudado alguém.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Estranho na minha formatura

Vamos combinar que, apesar do nome, esse site não vai ter só memórias da minha remota infância. Tem coisas de dias mais recentes que precisam também ser registradas. É o caso, por exemplo, de uma história da qual eu me lembrei revendo algumas fotos antigas - mas nem tanto. Depois de todos os colégios pelos quais eu passei (foram cinco: Miguel de Cervantes, Dumont Villares, Bandeirantes, Leonor, Mackenzie!) finalmente entrei na faculdade, em 1997.

E em 2000, de acordo com o andar normal da carruagem, era para eu ter me formado. Que nada! Quatro meses antes da formatura, do fim, do diploma, da carteirinha de jornalista, de poder assinar matéria sem medo do sindicato etc, eu tranquei a faculdade e me joguei no mundo. Foi nessa época que eu lancei uma revista em Sampa e também quando eu vim para Israel pela primeira vez, por seis meses.

Mas no meio tempo rolou a festa de formatura da minha turma - e é preciso deixar claro que eu fazia parte da comissão! Fui na festa, porque não podia faltar, mesmo tendo largado. Fui convidado e me lembro de como doeu não estar me formando com todo aquele povo. Mas me acabei de dançar e de comemorar o começo da vida profissional deles!

Depois que eu destranquei a faculdade e retomei o curso (precisei refazer o vestibular para efetivar a rematrícula!) levei mais um ano e meio para me formar - por isso recebi o diploma só em 2004, em vez de 2000. Não me arrependo, hoje. Mas quando estava suado e sem voz na festa, meio bêbado, com o pé doendo de dançar, senti uma ponta de tristeza por não estar também me formando...

Na foto, entre uma e outra dança, entre uma e outra cerveja, o povo da minha turma se formando - e eu de bico! Pupo, Paula, Alessandra, eu e Milena. Eles, hoje: Pupo, Paula, Alessandra, Milena.

A sorte no prato

Avó é aquela coisa: preocupação, carinho, preocupação... A minha avó (z"l) era bem isso! E tinha uma frase dela que ficou marcada e que, sempre que eu como, me volta à memória. Ela dizia que deixar comida no prato é abandonar a sorte. Quando a gente comia na casa dela, a "nona" sentava ao lado e cuidava de ver o prato limpinho, vazio. Se deixássemos nem que fossem alguns grãos do arroz com curry delicioso dela, a vovó mandava acabar tudo!

Tinha outra coisa bem dela: durante alguns meses morei na casa da minha tia, com meu primo (estudávamos juntos no Colégio Bandeirantes) e com minha avó. Antes de ir deitar, sempre a ouvia perguntar se eu tinha tomado leite quente - para não ficar resfriado! E de fato acabava sempre tomando um copo branquinho e quentinho! Depois, antes de ir pra cama, passava pelo quarto dela e dizia "boa noite" no francês materno dela.

Saudade da nona, com o sotaque forte e engraçado dela.

Nona, bonne nuit!

Na foto, ela e eu (com uns 9 anos) em um dia das mães em Embu das Artes, cidade pertinho de Sampa e destino-padrão da família nos dias das mães!

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

A história das horas

Teve uma época da minha vida na qual uma pergunta simples me fazia tremer de medo: "Que horas são?" Explico: não sabia ver horas em relógio de ponteiros (e usava relógios de ponteiros, na esperança insistente do meu pai de que, assim, na marra, eu aprenderia) Então, quando alguém me perguntava, eu me fingia de mudo. Sério! E estendia o braço pra pessoa olhar.

Claro que o contrário aconteceu várias vezes comigo. Eu perguntava as horas (quando conseguia me livrar do relógio de ponteiros) e alguém me estendia o braço. Dava aquele sorriso amarelo como de quem diz "Ah, claro, são três e meia" e continuava sem saber que horas eram. Puto da vida com o inventor daqueles malditos ponteiros.

Bom, meu pai usou todas as ferramentas possíveis para me ensinar. O relógio de brinquedo, por exemplo. Eu adorava. Mas olhava pra ele e só via uns desenhos, alguns números muito coloridos e... dois ponteiros. Horas? "Não, papai. Não sei que horas são. Posso olhar no microondas?" E tinha aquele papo-cabeça: o ponteiro pequeno marca as horas, o grande, os minutos. OK...

E aí, um dia desencanei. Afinal, se existem relógios digitais, bonitões, com pinta de sérios, então porque não usá-los? E tem mais. Para mim, sou normal. O resto do mundo - aquela gente estranha que olha pra dois pedacinhos de ferro e lê as horas neles - é que é estranho.

Confesso que o relógio que eu uso hoje tem ponteiros. Mas não se engane, é pura decoração - só pra eu estender o braço pra quem me pergunta! Se você olhar de pertinho, vai reparar que ele tem números lá embaixo. O duro, hoje em dia, é traduzir os números para o hebraico quando me perguntam o horário!!